Blog do Lulu 2.0

Tuesday, August 29, 2006

Amigo é para cada coisa.

Três horas e dezoito minutos apontava o relógio quando o interfone tocou.
- Alô!
- Alô, aquele amigo do senhor tá aqui embaixo.
- Fala pra ele subir.
- Ele não quer, disse que é pro senhor descer.
- Mas são mais de três da manhã?!
- Eu acho melhor o senhor descer. O homem não tá bom não.
- Pede pra ele esperar.
Calça, camisa, sapato, cadê a chave da porta? Aqui, achei. Carteira e chave do carro... Não, não precisa. Chama o elevador. Tranca a porta. Cadê a chave? Achei - desceu apressado.
- O que você tá fazendo aqui à essa hora?
- Ela foi embora.
- Ah, é isso! Mais cedo ou mais tarde ela ia mesmo, cansou de te avisar.
- Mas ela foi mesmo, se mandou. Avisar, falar, esbravejar, chorar é uma coisa; coisa de mulher. Já ir embora, se mandar é completamente diferente.
- Cara, você passou anos e anos aprontando, nunca deu bola pra isso, sempre disse: o dia em que acontecer, acontecido estará. E todo mundo falando, avisando, dizendo que as coisas não são bem assim.
- Nada disso justifica a destrambelhada, a maluca, a desvairada, levar minha filha, minha menina pra casa da jararaca da mãe dela. Jararaca é pouco, pra casa daquela víbora.
- Você queria que ela fizesse o quê? Deixasse a menina sozinha, te esperando chegar da farra...
- Mas eu sempre cheguei.
- O problema sempre foi de onde, a que horas e o estado.
- Besteira.
- Para você. Quisesse ficar na noite, tivesse ficado solteiro, que nem eu.
- Quê foi, heim?! Tá do lado dela, é?!
- Não, só tô tentando fazer você entender que pisou na bola, passou da conta, abusou.
- Mas foi só um pouquinho… Pô, ela me deixou, eu tô tristão.
- Não tô falando de hoje, tô falando de uma vida.
- Cara... Você tem a maior paciência comigo, né?
- Há muitos anos.
- Você é um amigão. É meu melhor amigo.
- Pára com isso, vai.
- Dá um abraço.
- Sai para lá.
- Tá vendo? Todo mundo me rejeita, ninguém gosta de mim.
- Ai caramba!
- Me dá um abraço vai, de amigo. Tô tão carente!
- São quase quatro da manhã e eu vou ficar aqui, abraçando homem na porta da minha casa?! Tô fora.
- Pô, mas é abraço de amigo, de irmão, por favor.
- Vamos lá pra cima, você toma mais uma para esquecer e dorme. Amanhã é outro dia, quer dizer, hoje. Hoje já é outro dia.
- Mas antes eu quero um abraço.
- Pára com isso.
- É pra ter certeza.
- Certeza de quê?
- De que você é meu amigo de verdade mesmo. De que não tá fazendo isso só por piedade.
- Meu irmão, deixa de frescura e vamos subir logo.
- Primeiro me dá um abraço.
- Tá bom vai, vem cá.
Neste exato momento, a rapaziada que volta da balada passa de carro, põe a cabeça para fora da janela e grita em coro.
- Aí, boiola! Beija, beija, beija!
- Viu que puta vexame? Tá feliz agora?
- Agora tô.
- Vai, entra logo, vamos subir.
- Cara, eu acho que te amo.
- Cala essa boca!
Roupa de cama, lençol, cobertor, travesseiro, onde será que tem travesseiro? Travesseiro, travesseiro, travesseiro, aqui, achei! Falta alguma coisa… Ah, que se dane – discutiu com ele.
- Toma, deita aí no sofá e vê se me deixa dormir.
- Dá um beijo de boa noite...
- Ora rapaz, vai te catar...
- Já tá parecendo minha mulher, me põe pra dormir no sofá e não dá nem boa noite.

Tuesday, August 22, 2006

O País da Cara Feia.

Era uma vez um lugar lindo de morrer. Cheio de praias virgens e uma floresta incrível, uma não, várias.
A colorir o céu azul anil, pássaros cantando para lá e para cá. Fauna e flora viviam em paz e harmonia. Animais e plantas das mais raras e variadas espécies nasciam e cresciam naquela ilha tropical abençoada por Deus. Não fosse terra firme, poderia ser o próprio paraíso.
A ilha era tão grande, mas tão grande, que resolveram chamar de país.
O proprietário era o rei lá de Portugal. O filho dele, que era um tremendo bon vivant, veio tomar conta do latifúndio do velho.
Tudo caminhava as mil maravilhas até que a bruxa beijou o sapo, que a princesa é quem deveria ter beijado.
Foi aí que danou tudo. O bicho, em vez de virar príncipe, armou a maior quizumba. Personagens canhestros e valdevinos invadiram o nosso dia-a-dia e entraram, sem licença nem permissão, para o nosso populário.
Saíram da história para virar folclore. Nada pode ser mais surpreendente do que este período surrealístico que experimentamos. Saci-Pererê, Cuca, Curupira, Mula-Sem-Cabeça, Boi-Da-Cara-Preta, lobisomem, ninguém tem a menor chance, não dão nem para o cheiro.
Grande parte é culpa do tal sapo, que era para ser o bonzinho da história, mas acabou levando todo mundo para o brejo.
Verdade é que o encanto se quebrou e a ganância desfila soberana, fazendo pose de princesa. Homens mentem, se desonram, matam e morrem por causa dela.
Enquanto isso, um bando de bobos da corte e carochinhas solitárias, assiste a tudo passivo como a criança que, sonolenta, ouve incansável a cantiga de ninar.
A cara do país agora é amarrada, tem a testa franzida de desgosto, pés de galinha e rugas de preocupação. A cara do país agora é tapada por camisetas rasgadas e gorros surrados. Dela só se vê o sangue nos olhos.
O vilão apareceu até na televisão. Já o mocinho não deu nem sequer o ar de sua graça. O crime está cada vez mais organizado, os desfalques cada vez maiores. As falcatruas, os grandes golpes, favorecimentos e desmandos já se tornaram comuns. Acabou a magia, o feitiço da ousadia e do ineditismo.
A ex-terra do rei de Portugal virou terra de ninguém, terra de sem-terra.
Finalmente, a nação parece ter se assumido como sendo o Éden da desordem e do retrocesso.
Cara feia não é mais fome. Também é frio, abandono, doença, carência, medo, síndrome de abstinência.
Seria triste, não fosse patético e inacreditável. Seria de chorar de rir, não fosse ao vivo e em cores, essa fábula cheia de capítulos escusos e páginas negras a qual assistimos de cabelos em pé.
Neste ponto parou, leu e releu muitas e muitas vezes o que acabara de escrever. Nem ele mesmo entendeu aquele rompante. Tentou imaginar de onde havia tirado tantas palavras, algumas que nem conhecia. Mas isso não interessava, o importante era que ele começava a se sentir melhor.
Só uma coisa ainda o angustiava. A lembrança de sua professora, aquela do ginásio. Aquela que sempre dava nota baixa nas redações que escrevia. Naquela época, ele não entendia muito bem porque, mas agora sentia falta de um fecho, uma conclusão.
Andou de um lado para o outro. Levou horas refletindo, matutando. Gastou o assoalho, voltou ao teclado e arrematou:
Que país é este? É o País da Cara feia. Para quem gosta, um prato cheio.
Usou toda a tinta que restava na impressora e todo o papel que encontrou no almoxarifado. Imprimiu quantas e tantas cópias foram possíveis. Assinou uma por uma de próprio punho e jogou tudo pela janela do escritório em que trabalhava, no 19a andar, de um edifício com frente para a avenida Central.
Depois de mais um serão, voltou para casa tarde da noite. Deitou, puxou as cobertas, virou para o lado e teve sua melhor noite de sono em muitos e muitos anos.

Tuesday, August 15, 2006

A alma do negócio.

- E aí, você acha que rola?
- O quê?
- O negócio lá.
- Ah, acho que sim, pode demorar um pouco, mas no final acaba rolando.
- O quê?
- O negócio lá, ora.
- Ah, tá! E se não rolar?
- Mas por que não rolaria?
- Sei lá! É só uma suposição.
- Mas baseada em quê?
- Em nada não, deixa pra lá.
- Não! Agora eu quero saber: por que você acha que não vai rolar?
- Eu não acho nada, era só uma suposição.
- Você sabe de alguma coisa e não quer me dizer, vamos, anda, desembucha.
- Eu não sei de nada, deixa de ser neurótico.
- Eu?! Você fica fazendo perguntas sem sentido, suposições, dizendo que nada vai dar certo, um baixo astral desgraçado, um pessimismo danado e eu que sou neurótico?!
- Mas foi uma pergunta tão simples. Só queria saber o que você acha... Só isso.
- Por quê?
- Sei lá, curiosidade.
- Queria saber o que eu vou fazer se não rolar, né?! Saber se eu já estou me armando para o caso de algo dar errado?! Está achando que eu sou besta?!
- Não é nada disso.
- Está jogando verde para colher maduro. Pensando que eu sou ingênuo... Tenho mais de 20 anos de mercado, meu chapa.
- Rapaz, você está ficando completamente maluco.
- Eu… Maluco?! Quem usa uma meia de cada cor e tem uma cor especial de cueca para cada dia da semana não sou eu, não.
- Isso é superstição, não tem nada a ver com maluquice.
- Fanatismo começa assim: uma superstição aqui, um ritualzinho ali, um santinho, uma medalhinha e quando você vê… Está dominado, fazendo a mulher andar de cara coberta e tudo.
- Espera aí! Você está me chamando de maníaco?
- Eu não disse nada disso.
- Disse sim.
- Foi só uma metáfora.
- Uma o quê?
- Metáfora é quando você diz uma coisa querendo dizer outra.
- E que outra coisa você queria dizer e não disse, vai, fala aí?
- Nada não, deixa pra lá.
- Ah, não! Agora eu quero saber.
- Do que a gente estava falando mesmo?
- Xi, rapaz... Me deu branco.
- Ah não! Fugir do assunto é demais. Dizer que não lembra do que estava falando é o fim.
- Mas eu não lembro mesmo, de verdade.
- Do quê?
- Do que a gente estava falando.
- Olha lá, olha lá.
- Que beleza, heim?!
- Mulherão!
- A gente estava falando do que mesmo?
- Do negócio.
- Mas de que negócio? Superstição, fanatismo, essas coisas?
- Não, do negócio.
- Do negócio da moça?
- Não, daquele negócio que você disse que não vai rolar.
- Eu não disse nada disso.
- Disse sim.
- Disse nada.
- Lógico que disse. Faz duas horas que você está falando disso.
- Falando disso o quê?
- Se não lembra é porque é mentira.
- Ôh, rapaz, me chamando de mentiroso?
- Quer saber?! Se a gente não lembra é porque não valia a pena ser falado.
- Aí, disse pouco, mas falou tudo.
- A saideira?
- Vâmo-bora.
- Vâmo-bora ou vâmo tomar a saideira?
- Vâmo tomar a saideira e depois vâmo-bora.
- Ah tá, agora entendi!
- Garçom, por favor…

Tuesday, August 08, 2006

Roda Viva.

Aquele decoroso e respeitável senhor grisalho deveria saber. Naquela rua inteira só tinha a casa dele. Deveria ser dele a casa, já que era ele quem regava o jardim e cuidava das flores quando, de repente, o outro perguntou:
- Por favor, onde fica a saída?
- Mais um.
- Mais um o quê, meu Senhor?!
- Pela enésima vez, lamento informar, mas daqui não há saída.
- Como não?! Uma vez que eu entrei, posso sair. A volta é a conseqüência inexorável da ida, nem que seja pelo mesmo caminho.
- É exatamente aí onde todo mundo que vem parar aqui se engana. Não é só porque há uma entrada que existe uma saída. Oxalá! Fosse assim e uns 99,9 por cento dos problemas dos cidadãos que habitam a face da terra estariam resolvidos. Bom seria se tudo na vida seguisse essa lógica humanamente compreensível, simples e primária. Acho que, assim fosse, quase tudo em suas vidas patéticas estaria resolvido. Não haveriam guerras, confrontos raciais e religiosos, crimes nem miséria. Obviamente surgiria um ou outro espírito de porco para atrapalhar, mas por essa lógica humanitária, logo um heróico justiceiro daria cabo do estraga prazeres. Pois ainda, de acordo com esse raciocínio ingênuo e infantil, o justiceiro é aquele que faz justiça, e não o caboclo faminto que mata a troco de um punhado de réis e um prato de comida quente; que fique claro e entendido.
- Não precisava fazer todo este discurso, era só falar que não sabia onde era a saída. Mas afinal, quem é o senhor?
- Alguém que já esteve em seu lugar, procurando por uma saída, uma qualquer desde que levasse a outro lugar, qualquer outro lugar.
- Que conversa mais sem pé nem cabeça, quer saber de uma coisa, vou embora daqui, muito obrigado.
- Hei! Não é para esse lado, não. É para lá.
- E onde é para lá?
- Para o outro lado. Você veio daquela direção, então, deve seguir para lá. É lógico, simples e, como você mesmo disse, inexorável, meu caro.
- Então é por isso que o senhor nunca mais saiu daqui. Vou pelo mesmo lado que vim. Logo, irei parar no mesmo lugar em que cheguei. É lógico, pescou?
Ele andou, andou e andou muito. Muito mais do que achava que fosse capaz de andar, até que encontrou um velho. Tamanho era o cansaço, que só depois de algum tempo se deu conta de que era o mesmo senhor de antes, de que estava no mesmo lugar, diante do mesmo jardim e da mesma cerca de madeira pintada caprichosamente de branco.
- O que você está fazendo aqui?
- Já faz tanto tempo que eu não me lembro mais.
- E eu? Como vim parar aqui outra vez?
- Andando em círculos.
- Como assim?! Não pode ser?! Eu cheguei por ali e saí por ali. Não posso estar de novo aqui. Vou por lá e em linha reta.
- Até já.
- Escuta aqui, eu vou embora daqui e nunca mais vou voltar, entendeu? Seu, seu maluco! Fica aí com suas plantinhas, doidão.
- Fosse eu, economizava energia, não que você vá precisar, mas é sempre bom.
- Ôh tio, antes de eu ir, me diz uma coisa, quem é o senhor?
- Eu já disse, já falei: alguém que esteve como você, desesperado, procurando por uma saída, qualquer uma.
- Entendi! É uma dica! Um jogo! Deixa eu pensar… Uma saída de emergência. É isso, tem que haver uma saída de emergência.
- Lá vai ele de novo.

Tuesday, August 01, 2006

Roubada S/A, boa noite.

Depois de estar desempregado há meses os quais ele já tinha desistido de contar, aquela mensagem parecia ser redentora.
O recado dizia que ele era o ganhador de um carro. Veja você. Um Gol zero quilômetro e com tudo pago. Licenciamento, IPVA, um ano de seguro total e a única coisa que ele deveria fazer era ligar para o telefone que remeteu o aviso. Anotou o número. Parecia ter algarismos demais e o prefixo era irreconhecível.
Odeia cair em chavões, mas naquele momento foi impossível evitar: quando a esmola é demais, até o santo desconfia.
Tentou ignorar, mas não pôde. Era mais forte do que ele. Foi ao telefone e ligou para o número que havia anotado, por via das dúvidas, em um pedacinho de papel. Vai que acontece alguma coisa com o celular.
- Alô!
- Quem fala?
- O senhor que ligou, o senhor que tem que dizer quem é.
- Aqui é o Brasílio, eu recebi uma mensagem no meu celular. Vocês me disseram que eu ganhei um carro, um Gol zero com tudo pago.
- Meu senhor ninguém disse nada. O senhor recebeu uma mensagem, não foi?
- Foi.
- Era de voz?
- Não, de texto.
- Ora, então ninguém disse nada, não. De onde o senhor está falando?
- São Paulo.
- Mas de que lugar de São Paulo?
- Antes eu quero saber se eu ganhei ou não esse maldito carro.
- Um momento que eu vou verificar.
Depois de alguns minutos, a linha caiu. Brasílio tentou ligar de novo. A pessoa do outro lado atendeu, reconheceu a voz e desligou. Ele não se conformou. Virou questão de honra. Tinha que saber exatamente o que estava acontecendo, do que se tratava aquela batatada.
Tentou de novo, outra vez, mais outra e nada, ninguém respondia. Pediu para sua mãe ligar. Ao ouvir a simpática voz da velhinha, o outro lado da linha respondeu.
- Alô! Bom dia minha senhora, em que posso ajudá-la?
- É que meu filho ganhou um carro, um Gol novinho, com tudo pago e queria saber como faz para retirar.
- A senhora poderia confirmar os dados: telefone, endereço para entrega, CPF e RG do ganhador?
- Olha, neste caso acho melhor o senhor falar com ele mesmo.
- Alô, alô, então eu ganhei o Gol, eu ganhei?
- É você, seu Mané?! Tá querendo embaçar na nossa?! Se liga e vê se esquece de nós, dá pista rapaz.
Falou, disse e bateu o telefone na cara de Brasílio. Surpreso com a reação do interlocutor, ele aguardou alguns minutos e ligou de novo.
- Alô!
- Alô, eu liguei…
- Eu sei, fui eu que atendi. Qual é rapaz, tu é da polícia? Não vai rastrear nós não. O crime aqui é organizado, a firma é forte com atuação nas áreas social e de consumo. Temos filiais nas principais cidades brasileiras. Para nós segurança é tudo, tá ligado?! Entendeu agora, meu irmão?! Tu não caiu porque é mais esperto do que a maioria. E já que tu é esperto, fica na tua, não espalha, tá falado?!
Tudo esclarecido e Brasílio teve que voltar a pensar em seus problemas, dívidas, contas vencidas.
Bem que a história do Gol poderia ser verdade – lamentava inconformado.
Impulsionado pelo destempero da emergência, resolveu ligar de novo.
- Alô! É você de novo, meu chapa?! A coisa anda preta mesmo pro teu lado, heim?! Precisando de grana para valer, né?! Faz assim: anota o telefone que eu vou te passar e fala lá na nossa Central.
- Então eu ganhei o Gol? Eu ganhei o Gol?
- Ôh rapaz, deixa de ser comédia e liga lá.
O homem desligou o gancho. Brasílio ligou imediatamente para o novo número.
- Alô, meu nome é Brasílio, eu recebi um recado no celular a respeito de um automóvel…
- Tô sabendo, o negócio é o seguinte: você foi selecionado entre milhares e milhares de pessoas que ligaram se candidatando à vaga. Ao entrar para nossa corporação, você terá um automóvel à sua disposição. Poderá escolher sua área de atuação e ainda contará, mensalmente, com uma ajuda de custo no valor de cinco salários mínimos mais bônus. Em breve, o senhor receberá em sua casa nosso kit boas-vindas que contém: o manual de procedimento, as chaves do seu automóvel, um cartão de crédito corporêite, sem limite e com seguro anticlonagem, dois celulares e outros valiosos brindes personalizados. Sua senha pessoal deve ser memorizada e imediatamente destruída. A ficha cadastral pode ser enviada pelo correio ou preenchida pela Internet no site crimeorganizado.com.br/cadastro. Seja bem-vindo à Roubada S.A.
O telefone toca. Brasílio atende.
- Alô!
- Alô, é verdade que eu ganhei um Gol zero com tudo pago?
- Depende...