Blog do Lulu 2.0

Thursday, July 23, 2009

Entre o dever e a necessidade.

Quantas não eram as situações indesejáveis pelas quais já havia passado. Incontáveis para ele que preferia não contabilizá-las a ter a absoluta certeza de que sempre saíra no prejuízo.
Talvez fosse essa a única forma de autopreservação possível.
Extensa e de aparência intransponível também era a distância que o separava de tudo aquilo com que tanto havia sonhado para si, de bom e de ruim.
Uma vida rápida seguida por uma morte breve – live fast, die young - algo assim estava programado para caso os seus sonhos de grandeza se provassem de árdua e improvável realização, como de fato aconteceu.
Mas, não foi só a vida que lhe fugiu ao controle. Ao trair aquelas que eram suas derradeiras convicções, a morte também escapou do seu raio de ação.
Há de se ter alguma honra, de se preservar algo de digno até para ser um suicida, figurar no seleto clube do qual fazem parte personagens históricos, celebridades e festejadas personalidades.
Uma confraria que não aceita qualquer um como sócio. É destinada apenas aqueles que amam a vida de maneira tão desesperada, que são incapazes de praticá-la limitados pelo castrador sentimento que é a insatisfação.
Castigo para almas banidas, lôbrega masmorra existencial é a equação que envolve tempo, espaço, determina e se interpõe entre o dever e a necessidade.
Lugar onde homens cheios de si choram feito meninos. Assassinos seriais sofrem de terror noturno. Condenados à morte agradecem, dão graças e elevam as mãos ao céu.
Campo minado onde é travada a guerra entre o hábito, esse algoz que nos faz achar normais situações as quais jamais suportaríamos. E a dignidade, que tenta a todo custo não se deixar perder. Território tantas vezes tomado e ocupado. Terreno arrevesado e cabalístico que dizem um dia ter estado também entre a cruz e a espada.