Blog do Lulu 2.0

Monday, August 31, 2009

O Bem da Verdade.

Já não sabia mais para onde correr, o que dizer e muito menos o que ou como fazer. Sua vida se convertera em um ciclo vicioso do qual não conseguia se desvencilhar.
Muito daquilo em que acreditava já havia se provado quimérico. De seu tempo não era mais dono, de sua vontade não era mais senhor.
Entre amores frustrados, rancores e outras dores, escolheu a reclusão. Buscava em si mesmo e na pura observação do alheio, respostas para tantas perguntas mal formuladas, que não dividia com ninguém, que talvez só interessassem a ele mesmo.
Dúvidas existenciais, questões pessoais e distúrbios emocionais alimentavam a impiedosa e envolvente melancolia, que o abraçava sorrateiramente enquanto ele vasculhava a memória, fuçava seu baú de lembranças, procurava a ponta do apertado nó que se lhe havia atado e tomado o lugar da garganta.
Logo ele que até há pouco era tido como a alegria da turma, o piadista, aquele que sempre sacava mais rápido, que dispunha da imperial coragem e do desprendimento necessário para capitanear as armações que seus colegas idealizavam.
Ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo e nem se atrevia a perguntar. A verdade, nesse caso, não parecia capaz de fazer bem a ninguém.