A namorada do seu Alaor.
Aquela discussão com Amália mexeu mesmo com seu Alaor.
O arranca-rabo com a filha fez despertar uma saudade que nele vivia adormecida. Sentia falta de Júlia, sua esposa e companheira durante mais de quarenta anos.
A tal saudade trouxe consigo a falta de um bom bate-papo e de outras coisas nas quais ele nem mais ousava pensar.
Comentou com Osvaldo, que ficou animado ao ver o sogro com nova disposição.
Desde a morte de Júlia, o velhinho andava cabisbaixo, desanimado, vivia folheando um antigo álbum de fotografias e encaixotando cacarecos.
Osvaldo resolveu dar uma força. Virava e mexia, ao sair com Júnior, levava seu Alaor. Mas todas as possíveis candidatas com as quais eles encontravam pelo caminho ou tinham sido amigas de Júlia, ou a conheciam e a respeitavam só de ouvir falar.
O casamento dos dois foi um acontecimento. À época, ele era muito popular. Não tivesse a morte de Júlia o derrubado em profunda depressão, poderia até ter feito carreira na política.
O entusiasmo de seu Alaor já começava desvanecer quando Marizete chegou à cidade. A manicure, cabeleireira e, como mais gostava de ser chamada, esteticista, veio em busca de qualidade de vida.
Cabelos soltos, andar cadenciado, Marizete caminhou até o Hotel Esplendor.
Um brilho diferente pôde ser visto nos olhos de seu Alaor que a acompanharam até lá.
Enquanto isso, perto dali, Amália mandava e desmandava na butique que continuava crescendo graças ao seu empenho e inegável tino para os negócios.
Tudo estava planejado para a ampliação da loja, só faltava a assinatura de Dora que continuava em férias, mas prometia para dentro em breve sua volta.
Amália só não contava que o espaço pretendido por ela seria alugado e, em breve, ocupado por um salão de beleza.
As obras começaram e infernizaram a vida de Amália por meses. O barulho, a sujeira, os caminhões, a gritaria dos trabalhadores tudo a irritava e espantava suas clientes. A reforma foi tema de inúmeros bate-bocas entre a gerente da butique e o empreiteiro.
Seu Alaor, sem que a filha percebesse e contando com a ajuda do genro, mudou seu estilo de vida. Voltou a freqüentar as sessões de carteado no Clube da Glória e a jogar bocha durante as tardes só para espiar as senhoras na piscina, e foi lá, recostada em uma espreguiçadeira, que voltou a vê-la.
Já maduros e conscientes do tempo que não tinham a perder, conversaram, dançaram e logo iniciaram um promissor romance.
Sogro e genro combinaram que Amália só seria apresentada a Marizete na festa de inauguração do salão.
Demorou, mas a reforma acabou. Os modernos aparelhos vindos da capital chegaram e agora Amália começava a rever sua opinião. Comentou que tinha até enviado um kit dando boas-vindas e se desculpando pelos contra tempos ocorridos durante as instalações. Pensou que da butique a cliente poderia ir para o salão e vice-versa, o que para ela ficava ainda mais interessante.
O relacionamento entre seu Alaor e Marizete ficava cada vez mais íntimo. O segredo fez acender um furor juvenil que eles estavam adorando poder experimentar de novo.
O dia da festa chegou. Quando Amália entrou em casa e viu Osvaldo ajudando seu Alaor a se vestir, não entendeu nada.
- O que é isso?! Quem morreu?! Justo hoje, no dia da inauguração?!
- Calma Amália, ninguém morreu. É que seu pai também vai à festa.
- Que festa?
- Na inauguração do salão da Marizete.
- Como assim?
- Sabe a Marizete, a dona do salão?
- Já ouvi falar. O quê tem ela?
- Ela e seu pai são... Amigos... Isso… É… Eles são muito amigos.
- Ah! Anda pegando amizade fácil o senhor também, papai?! Aprendeu com essa beleza de genro, foi?! Dá licença que eu tenho que me arrumar.
A festa estava muito boa até que Marizete disse como estava feliz e apresentou seu Alaor como sendo o homem que tinha tornado tudo aquilo possível, foi aí que o caldo entornou.
Desentendida, Amália procurou por Osvaldo para saber o que estava acontecendo. Esqueceu que ele tinha ficado cuidando do Júnior.
Na primeira oportunidade, se despediu de quem interessava e correu de volta para casa.
Chegou bem mais cedo do que era esperada. Osvaldo e Júnior comiam sobremesa assistindo à televisão.
- Osvaldo, quem é essa tal de Marizete?
- Ué! Você acabou de voltar da festa de inauguração do salão de beleza dela.
- Osvaldo, não enrola, responde: quem é essa tal de Marizete?
- A dona do salão de beleza, a namorada do seu pai... Ah, por isso tá nervosa... Tá com ciúme do papai…
- Não, não é isso não. É que só agora eu entendi porque o senhor anda todo gentil, interessado nos negócios, em mim… Seu safado… Você tava é dando cobertura pra sem-vergonhice do velho… Que belo papel, belo exemplo pro seu filho!
- Vai me desculpar, mas só você Amália... Parece que só você não percebeu como seu papai melhorou depois que conheceu a Marizete, depois que eles começaram namorar, coisa e tal e tal e coisa.
A conivência de Osvaldo irritou, mas nada era pior do que o fato de ter sido a última a ficar sabendo.
- Namorar?! E meu pai lá tem idade pra namorar?!
Desdenhou e foi da sala para a cozinha. Osvaldo pensou alto.
- Se bobear a vida sexual deles anda mais agitada do que a nossa!
- O quê você falou aí?
- Nada não.
- Namorada! E minha mãe, como é que fica nessa história?!
Indignou-se e foi para o quarto. Osvaldo deixou o pensamento escapar pela boca.
- Morta. E finalmente enterrada!
- O quê você falou aí?
- Nada não, tô conversando com o Júnior.
O arranca-rabo com a filha fez despertar uma saudade que nele vivia adormecida. Sentia falta de Júlia, sua esposa e companheira durante mais de quarenta anos.
A tal saudade trouxe consigo a falta de um bom bate-papo e de outras coisas nas quais ele nem mais ousava pensar.
Comentou com Osvaldo, que ficou animado ao ver o sogro com nova disposição.
Desde a morte de Júlia, o velhinho andava cabisbaixo, desanimado, vivia folheando um antigo álbum de fotografias e encaixotando cacarecos.
Osvaldo resolveu dar uma força. Virava e mexia, ao sair com Júnior, levava seu Alaor. Mas todas as possíveis candidatas com as quais eles encontravam pelo caminho ou tinham sido amigas de Júlia, ou a conheciam e a respeitavam só de ouvir falar.
O casamento dos dois foi um acontecimento. À época, ele era muito popular. Não tivesse a morte de Júlia o derrubado em profunda depressão, poderia até ter feito carreira na política.
O entusiasmo de seu Alaor já começava desvanecer quando Marizete chegou à cidade. A manicure, cabeleireira e, como mais gostava de ser chamada, esteticista, veio em busca de qualidade de vida.
Cabelos soltos, andar cadenciado, Marizete caminhou até o Hotel Esplendor.
Um brilho diferente pôde ser visto nos olhos de seu Alaor que a acompanharam até lá.
Enquanto isso, perto dali, Amália mandava e desmandava na butique que continuava crescendo graças ao seu empenho e inegável tino para os negócios.
Tudo estava planejado para a ampliação da loja, só faltava a assinatura de Dora que continuava em férias, mas prometia para dentro em breve sua volta.
Amália só não contava que o espaço pretendido por ela seria alugado e, em breve, ocupado por um salão de beleza.
As obras começaram e infernizaram a vida de Amália por meses. O barulho, a sujeira, os caminhões, a gritaria dos trabalhadores tudo a irritava e espantava suas clientes. A reforma foi tema de inúmeros bate-bocas entre a gerente da butique e o empreiteiro.
Seu Alaor, sem que a filha percebesse e contando com a ajuda do genro, mudou seu estilo de vida. Voltou a freqüentar as sessões de carteado no Clube da Glória e a jogar bocha durante as tardes só para espiar as senhoras na piscina, e foi lá, recostada em uma espreguiçadeira, que voltou a vê-la.
Já maduros e conscientes do tempo que não tinham a perder, conversaram, dançaram e logo iniciaram um promissor romance.
Sogro e genro combinaram que Amália só seria apresentada a Marizete na festa de inauguração do salão.
Demorou, mas a reforma acabou. Os modernos aparelhos vindos da capital chegaram e agora Amália começava a rever sua opinião. Comentou que tinha até enviado um kit dando boas-vindas e se desculpando pelos contra tempos ocorridos durante as instalações. Pensou que da butique a cliente poderia ir para o salão e vice-versa, o que para ela ficava ainda mais interessante.
O relacionamento entre seu Alaor e Marizete ficava cada vez mais íntimo. O segredo fez acender um furor juvenil que eles estavam adorando poder experimentar de novo.
O dia da festa chegou. Quando Amália entrou em casa e viu Osvaldo ajudando seu Alaor a se vestir, não entendeu nada.
- O que é isso?! Quem morreu?! Justo hoje, no dia da inauguração?!
- Calma Amália, ninguém morreu. É que seu pai também vai à festa.
- Que festa?
- Na inauguração do salão da Marizete.
- Como assim?
- Sabe a Marizete, a dona do salão?
- Já ouvi falar. O quê tem ela?
- Ela e seu pai são... Amigos... Isso… É… Eles são muito amigos.
- Ah! Anda pegando amizade fácil o senhor também, papai?! Aprendeu com essa beleza de genro, foi?! Dá licença que eu tenho que me arrumar.
A festa estava muito boa até que Marizete disse como estava feliz e apresentou seu Alaor como sendo o homem que tinha tornado tudo aquilo possível, foi aí que o caldo entornou.
Desentendida, Amália procurou por Osvaldo para saber o que estava acontecendo. Esqueceu que ele tinha ficado cuidando do Júnior.
Na primeira oportunidade, se despediu de quem interessava e correu de volta para casa.
Chegou bem mais cedo do que era esperada. Osvaldo e Júnior comiam sobremesa assistindo à televisão.
- Osvaldo, quem é essa tal de Marizete?
- Ué! Você acabou de voltar da festa de inauguração do salão de beleza dela.
- Osvaldo, não enrola, responde: quem é essa tal de Marizete?
- A dona do salão de beleza, a namorada do seu pai... Ah, por isso tá nervosa... Tá com ciúme do papai…
- Não, não é isso não. É que só agora eu entendi porque o senhor anda todo gentil, interessado nos negócios, em mim… Seu safado… Você tava é dando cobertura pra sem-vergonhice do velho… Que belo papel, belo exemplo pro seu filho!
- Vai me desculpar, mas só você Amália... Parece que só você não percebeu como seu papai melhorou depois que conheceu a Marizete, depois que eles começaram namorar, coisa e tal e tal e coisa.
A conivência de Osvaldo irritou, mas nada era pior do que o fato de ter sido a última a ficar sabendo.
- Namorar?! E meu pai lá tem idade pra namorar?!
Desdenhou e foi da sala para a cozinha. Osvaldo pensou alto.
- Se bobear a vida sexual deles anda mais agitada do que a nossa!
- O quê você falou aí?
- Nada não.
- Namorada! E minha mãe, como é que fica nessa história?!
Indignou-se e foi para o quarto. Osvaldo deixou o pensamento escapar pela boca.
- Morta. E finalmente enterrada!
- O quê você falou aí?
- Nada não, tô conversando com o Júnior.