Quando a Forma faz a festa.
- Até que enfim chegou.
- O quê?
- O dia da nossa trégua, ué?! Eu já não aguentava mais nadar contra a corrente.
- A coisa não é bem assim não senhor.
- Os caminhos para tempos onde eu e você teremos a mesma importância estão abertos, prontos a serem trilhados. Agora, receberemos a mesma atenção e a nós será dada equivalente importância. Eu serei tão essencial para você como você é para mim. É a Era do Equilíbrio que se anuncia.
- Duvide-ó-dó!
- Mas por quê?
- Porque você é sem graça. Conteúdo é complexo, cheio de incucações… Já a Forma, que sou eu, é assim: livre, leve e solta, como todo mundo gostaria de ser.
- Mas você sabe o quanto isso pode ser perigoso.
- Perigoso por perigoso... Perigoso mesmo é estar vivo.
- Mas e a banalização?...
- Também tem o superaquecimento, a crise mundial... Tudo isso aí é o de menos.
- Crises, guerras, escassez de recursos naturais, e todos os problemas que afligem a humanidade não significam absolutamente nada. É isso que você está se atrevendo a me dizer?
- Ora, não somos nós que vamos resolver. Até porque não fomos nós que criamos essas coisas, não é verdade? E... Não me leve a mal não, mas é carnaval, faça-me o favor!
- Não somos culpados, mas podemos ter contribuído, mesmo que sem querer. A falta de conteúdo, muitas vezes, redunda em agressividade, intolerância, ódio, violência, contra tudo e todos.
- Que saco, tu é um porre, heim... Porre não que de vez em quando é divertido. Tu é a maior ressaca, rapaz! Se solta um pouco, relaxa, abre essa camisa, arregaça a gravata: “Don‘t Worry. Have Fun.”
- Não fale em inglês. Esse vício não é nada legal. Atrapalha o aprendizado e distorce a linguagem. Não viu o caso do gerundismo, não? Tudo por causa do inglês... E é “Be Happy”, diga-se de passagem.
- O quê?
- Não fale em inglês.
- Não! O que você disse depois?
- O refrão.
- O que tem o refrão, meu santo sacrifício?
- O refrão da música diz: “Be Happy”. E não “Have Fun”.
“Don‘t Worry. Be Happy”. É assim!
- Para, pelo amor de Deus! Você não viu?! O mundo agora é do Obama. Falar inglês tá na moda. “Have Fun” ou “Be Happy”, tanto faz, todo mundo entende. Só você que parece que não entende coisa nenhuma, e tem mais: nunca se produziu tanto conteúdo, o senhor não tem do que reclamar.
- Virgem Maria, mãe de Deus… Mas o que é isso, Santo Pai?
- É minha fantasia. Já tô me preparando pro carnaval.
- Isto aí é pena de animal mesmo? Que estava vivo?! E essas pedras: são brasileiras? E semipreciosas?
- Não é fantástica.
- Um escândalo!
- Sabia que até você ia adorar.
- E aí atrás não tem nada, não? Não tá faltando um pedaço?
- É assim mesmo: a Forma pode... Que-ri-do!
- Bom, e qual é o enredo? Está fantasiada de quê?
- E lá sei eu! Já vem você complicar as coisas.
- A letra do samba, você sabe?
- Diz alguma coisa sobre a colonização:- “O homem branco chegou, ô, ô / O nosso colonizadô...”. Fala do mar e da avenida também:- "E foi na Sapucaí / Do mar até a Sapucaí... ia, ia". E por aí vai.
- Como assim: o que diz? É histórico então?
- Acho que sim. Fala de um monte de coisas. A Escola tá linda de morrer. Este ano não tem para ninguém!
- Mas como você pode dizer isso se nem sequer sabe do que se trata?
- Eu sinto, meu caro! E pressinto... Puro instinto, ou na língua do meu negão, o Obama: “Feeling”. A Forma sempre vence. Você é muito complicado. O pessoal tem que ficar pensando, raciocinando, conjecturando e isso tudo dá um trabalho danado.
- Eu sou o quê?! Como assim: complicado… O que você está querendo dizer com isso?
- Nada, nada não… Nem tá mais aqui quem falou! Tchau, fui pro ensaio.
- Nã-nãni-nã-não, pode voltar aqui... Ei, volta aqui já ou não vai ter trégua nenhuma.
- Tudo bem! Esses assuntos é sempre você que resolve mesmo.
- Xi, olha lá… Não é que a danada foi mesmo. E depois eu é quem sou complicado... Eu não sou complicado coisa nenhuma. Ou será que sou? Talvez só um pouco. Ah, ela não sabe de nada! Essa mulher só me dá dor de cabeça.
- O quê?
- O dia da nossa trégua, ué?! Eu já não aguentava mais nadar contra a corrente.
- A coisa não é bem assim não senhor.
- Os caminhos para tempos onde eu e você teremos a mesma importância estão abertos, prontos a serem trilhados. Agora, receberemos a mesma atenção e a nós será dada equivalente importância. Eu serei tão essencial para você como você é para mim. É a Era do Equilíbrio que se anuncia.
- Duvide-ó-dó!
- Mas por quê?
- Porque você é sem graça. Conteúdo é complexo, cheio de incucações… Já a Forma, que sou eu, é assim: livre, leve e solta, como todo mundo gostaria de ser.
- Mas você sabe o quanto isso pode ser perigoso.
- Perigoso por perigoso... Perigoso mesmo é estar vivo.
- Mas e a banalização?...
- Também tem o superaquecimento, a crise mundial... Tudo isso aí é o de menos.
- Crises, guerras, escassez de recursos naturais, e todos os problemas que afligem a humanidade não significam absolutamente nada. É isso que você está se atrevendo a me dizer?
- Ora, não somos nós que vamos resolver. Até porque não fomos nós que criamos essas coisas, não é verdade? E... Não me leve a mal não, mas é carnaval, faça-me o favor!
- Não somos culpados, mas podemos ter contribuído, mesmo que sem querer. A falta de conteúdo, muitas vezes, redunda em agressividade, intolerância, ódio, violência, contra tudo e todos.
- Que saco, tu é um porre, heim... Porre não que de vez em quando é divertido. Tu é a maior ressaca, rapaz! Se solta um pouco, relaxa, abre essa camisa, arregaça a gravata: “Don‘t Worry. Have Fun.”
- Não fale em inglês. Esse vício não é nada legal. Atrapalha o aprendizado e distorce a linguagem. Não viu o caso do gerundismo, não? Tudo por causa do inglês... E é “Be Happy”, diga-se de passagem.
- O quê?
- Não fale em inglês.
- Não! O que você disse depois?
- O refrão.
- O que tem o refrão, meu santo sacrifício?
- O refrão da música diz: “Be Happy”. E não “Have Fun”.
“Don‘t Worry. Be Happy”. É assim!
- Para, pelo amor de Deus! Você não viu?! O mundo agora é do Obama. Falar inglês tá na moda. “Have Fun” ou “Be Happy”, tanto faz, todo mundo entende. Só você que parece que não entende coisa nenhuma, e tem mais: nunca se produziu tanto conteúdo, o senhor não tem do que reclamar.
- Virgem Maria, mãe de Deus… Mas o que é isso, Santo Pai?
- É minha fantasia. Já tô me preparando pro carnaval.
- Isto aí é pena de animal mesmo? Que estava vivo?! E essas pedras: são brasileiras? E semipreciosas?
- Não é fantástica.
- Um escândalo!
- Sabia que até você ia adorar.
- E aí atrás não tem nada, não? Não tá faltando um pedaço?
- É assim mesmo: a Forma pode... Que-ri-do!
- Bom, e qual é o enredo? Está fantasiada de quê?
- E lá sei eu! Já vem você complicar as coisas.
- A letra do samba, você sabe?
- Diz alguma coisa sobre a colonização:- “O homem branco chegou, ô, ô / O nosso colonizadô...”. Fala do mar e da avenida também:- "E foi na Sapucaí / Do mar até a Sapucaí... ia, ia". E por aí vai.
- Como assim: o que diz? É histórico então?
- Acho que sim. Fala de um monte de coisas. A Escola tá linda de morrer. Este ano não tem para ninguém!
- Mas como você pode dizer isso se nem sequer sabe do que se trata?
- Eu sinto, meu caro! E pressinto... Puro instinto, ou na língua do meu negão, o Obama: “Feeling”. A Forma sempre vence. Você é muito complicado. O pessoal tem que ficar pensando, raciocinando, conjecturando e isso tudo dá um trabalho danado.
- Eu sou o quê?! Como assim: complicado… O que você está querendo dizer com isso?
- Nada, nada não… Nem tá mais aqui quem falou! Tchau, fui pro ensaio.
- Nã-nãni-nã-não, pode voltar aqui... Ei, volta aqui já ou não vai ter trégua nenhuma.
- Tudo bem! Esses assuntos é sempre você que resolve mesmo.
- Xi, olha lá… Não é que a danada foi mesmo. E depois eu é quem sou complicado... Eu não sou complicado coisa nenhuma. Ou será que sou? Talvez só um pouco. Ah, ela não sabe de nada! Essa mulher só me dá dor de cabeça.