O Gringo do Grão.
No final dos anos 60, começo dos 70, o hippie americano que saiu vagamundeando sem destino veio parar no Brasil.
Trouxe com ele um discurso, traduzido para o português por um brasileiro que conheceu lá na Califórnia e que também lhe ensinou a pronúncia correta de cada palavra.
O gringo chegou e logo descobriu a planta da qual se faz o chá de Tremelique. Incorporou a descoberta ao palavrório e rapidamente fez muitos adeptos. Dizia sempre a mesma coisa. O papo era mais ou menos o seguinte:
- Toda a tristeza chorada pelo mar estará contida num grão. Uma partícula que não poderá se perder no tempo e viajar ao vento como fazem seus irmãos, os outros grãos.
Cisco no olho de Deus. Grão que não será semente nem eufemismo de gente. Mas será origem. Começo que se redefinirá. Fruto que voltará a ser raiz.
Virá então a rega que purificará a terra onde, de um grão fêmea, renascerá aquela a quem chamarão Esperança. Manifesta em um pensamento, uma palavra amiga, a mão estendida ou a lágrima derramada em defesa da vida.
Na imensidão do claustro céu azul, não mais planarão rapinas. Só haverá espaço para as alvas aves da paz. A alegria voltará ao mar que, com seus dedos de espuma, nos indicará o horizonte onde despontará o colossal sorriso iluminista.
O homem, que de tão rico apodreceu, pobre ressurgirá. Chegará tão frágil e delicado como a nova vida que nos foi ofertada parecerá ser; e de fato será. A esse neo-renascimento darão um nome. Sobre ele serão escritos mandamentos, testamentos e evangelhos. Neste novo mundo, só o que for movido pela força da paz e do amor triunfará.
Diz-se que o Gringo do Grão, como ficou conhecido, ainda anda por aí, que virou empresário. É sócio de um spa esotérico na região nordeste do país.
Pelo que se comenta, o discurso bolorento e o jeitão ripongo continuam os mesmos. Mas, hoje em dia, só pagando para ver.
E em dólar, of course!
Trouxe com ele um discurso, traduzido para o português por um brasileiro que conheceu lá na Califórnia e que também lhe ensinou a pronúncia correta de cada palavra.
O gringo chegou e logo descobriu a planta da qual se faz o chá de Tremelique. Incorporou a descoberta ao palavrório e rapidamente fez muitos adeptos. Dizia sempre a mesma coisa. O papo era mais ou menos o seguinte:
- Toda a tristeza chorada pelo mar estará contida num grão. Uma partícula que não poderá se perder no tempo e viajar ao vento como fazem seus irmãos, os outros grãos.
Cisco no olho de Deus. Grão que não será semente nem eufemismo de gente. Mas será origem. Começo que se redefinirá. Fruto que voltará a ser raiz.
Virá então a rega que purificará a terra onde, de um grão fêmea, renascerá aquela a quem chamarão Esperança. Manifesta em um pensamento, uma palavra amiga, a mão estendida ou a lágrima derramada em defesa da vida.
Na imensidão do claustro céu azul, não mais planarão rapinas. Só haverá espaço para as alvas aves da paz. A alegria voltará ao mar que, com seus dedos de espuma, nos indicará o horizonte onde despontará o colossal sorriso iluminista.
O homem, que de tão rico apodreceu, pobre ressurgirá. Chegará tão frágil e delicado como a nova vida que nos foi ofertada parecerá ser; e de fato será. A esse neo-renascimento darão um nome. Sobre ele serão escritos mandamentos, testamentos e evangelhos. Neste novo mundo, só o que for movido pela força da paz e do amor triunfará.
Diz-se que o Gringo do Grão, como ficou conhecido, ainda anda por aí, que virou empresário. É sócio de um spa esotérico na região nordeste do país.
Pelo que se comenta, o discurso bolorento e o jeitão ripongo continuam os mesmos. Mas, hoje em dia, só pagando para ver.
E em dólar, of course!