Eles também amam.
Ele:- E aí, tudo bem? Você vem sempre aqui?
Ela:- Só… Só venho. E você?
Ele:- Nem… Tava de passagem e vi o pessoal todo de preto, as tattoos, os cabelos ensebados, coloridos, resolvi parar. Sou ligadão em encontros de motoqueiros, convenção de tatuagem... Você é de algum clube?
Ela:- Isto aqui não é convenção nenhuma e nem reunião de motoqueiros. E eu não sou de nenhum clube que me aceite como sócia. Eu sou Emo!
Ele:- Pára com isso! Tá me tirando?! A moçada aí é tudo mano, tô ligado… Tá me testando, né?! Mina esperta. Então, tá no barato de dá um rolê de moto?
Ela:- Eu não sou mina de motoqueiro.
Ele:- Sou motoboy, mas sou limpinho! Vamô nessa, a cidade tá vazia, lua cheia, o canal pra andar de motinho.
Ela:- Eu não…
Ele:- Com este visual e num pico irado deste?! Vamô aí… Sou cachorro louco, mas não mordo não!
Ela:- …Não sou mina de motoqueiro, já falei: eu sou Emo!
Ele:- Quer dizer que você é assim… Quero dizer... Gosta de outras minas?
Ela:- Não burro! Não disse Homo, disse Emo. Se escreve com E, e não com H.
Ele:- Conheço essa parada não! É coisa de burguesinha, é?
Ela:- Não! É um movimento existencialista neo-pós-moderno, com influência da estética gótica e do som dark. Já ideologicamente, a proposta é mostrar a desesperança, muito mais do que a revolta, o que é uma pena; sentimento que abala toda uma geração. A juventude de hoje assiste passiva ao planeta sendo destruído por imperialistas assoberbados que negociam com vidas, que trocam almas por óleo e poder. A gente fica muito preocupada e muito triste com esta situação... Emocionada, entendeu?!
Ele:- Só! Não conheço o som, mas você tá falando igualzinho o Mano Brown. Aí... Vem cá, Ema não pode andar de moto não?! É tipo assim... Uma religião?
Ela:- Não é Ema! É Emo, de Emotions: emoções em inglês. A gente acha que o mundo deveria ser mais sensível às causas nobres que refletem em todo o planeta, como o aquecimento global, por exemplo. Uma bomba que cai lá no Iraque, ou lá em Bagdá tem efeitos que refletem aqui. O planeta é uma coisa só, a casa de todos nós. A insensibilidade dos responsáveis por estabelecer uma nova ordem mundial diante destas questões fere a nossa sensibilidade. Toda essa dor e tristeza íntima, nosso movimento expressa através da música, das roupas, do nosso jeito de ser, existir e agir. Entendeu agora?
Ele:- Só! Tem certeza que isso aí não é letra de rap? Já me liguei que tu é cabeça.
Ela:- Escuta só o som que tá rolando, presta atenção.
Ele:- É uma parada meio U2, só que mais lenta e com o cara que canta imitando uma mina, né?!
Ela:- Não, nada a ver! Muito mais autêntico, original, você sente no peito, no coração.
Ele:- É o bumbo!
Ela:- O quê?
Ele:- É o bumbão que bate no peito: bum-bum, bum-bum! Quando o pagode ferve lá na vila a gente sente o bichão batendo no peito: bum-bum, bum-bum!
Ela:- Você toca bumbo num grupo de pagode?
Ele:- Eu não, um chegado meu. Mas viu, então… Desculpa a persistência, mas só por que você é Ema não pode andar de moto não?
Ela:- Emo! Eu sou Emo! E uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Ele:- Mas você é mina, quero dizer é Emo mulher?
Ela:- Do quê você tá falando?!
Ele:- Da natureza, ué?! Sempre tem um macho e uma fêmea. Com vocês deve ser assim também, deve ter o Emo e a Ema, quero dizer, o Emo homem e a Emo mulher.
Ela:- Emo não é sexo. É atitude!
Ele:- Mas tem homem e mulher?
Ela:- Lógico que tem.
Ele:- Você é Emo macho ou Emo fêmea?
Ela:- Fêmea... Quero dizer, mulher!
Ele:- E gosta de Emo macho?
Ela:- Isso não existe, é paradoxal, não tem como!
Ele:- Quero dizer, assim… Vamos supor: se for pra namorar, você namora macho ou fêmea?
Ela:- Macho… Quero dizer homem… Pára de falar deste jeito que já tá me deixando confusa.
Ele:- Então, se você é Emo mulher de verdade mesmo... Vamô aí comigo, vamô dá um rolê de moto.
Ela:- Que é, heim?! Tá duvidando, é?! Tá achando que eu sou delicada demais, mulherzinha demais? Que não tenho coragem de andar de moto com você? Que só porque sou sensível, me importo com a fauna, a flora e me entristeço quando reflito sobre o futuro da humanidade… Que por causa disso eu não passo de uma patricinha covarde? É isso que você tá pensando, é?
Ele:- Tô achando que esse papo de Emo, Ema, esse som... É tudo coisa de plaibói.
Ela:- Tá legal, então vamô aí… Mano...
Ele:- Olha aí, a Ema ficou irada.
Ela:- É Emo, idiota!
Ele:- Ai-ai! Não aperta aí… Faz assim não que dói!
Ela:- Então, não me chama mais de Ema e acelera esta porcaria.
Ele:- Demorô!
Ela:- Só… Só venho. E você?
Ele:- Nem… Tava de passagem e vi o pessoal todo de preto, as tattoos, os cabelos ensebados, coloridos, resolvi parar. Sou ligadão em encontros de motoqueiros, convenção de tatuagem... Você é de algum clube?
Ela:- Isto aqui não é convenção nenhuma e nem reunião de motoqueiros. E eu não sou de nenhum clube que me aceite como sócia. Eu sou Emo!
Ele:- Pára com isso! Tá me tirando?! A moçada aí é tudo mano, tô ligado… Tá me testando, né?! Mina esperta. Então, tá no barato de dá um rolê de moto?
Ela:- Eu não sou mina de motoqueiro.
Ele:- Sou motoboy, mas sou limpinho! Vamô nessa, a cidade tá vazia, lua cheia, o canal pra andar de motinho.
Ela:- Eu não…
Ele:- Com este visual e num pico irado deste?! Vamô aí… Sou cachorro louco, mas não mordo não!
Ela:- …Não sou mina de motoqueiro, já falei: eu sou Emo!
Ele:- Quer dizer que você é assim… Quero dizer... Gosta de outras minas?
Ela:- Não burro! Não disse Homo, disse Emo. Se escreve com E, e não com H.
Ele:- Conheço essa parada não! É coisa de burguesinha, é?
Ela:- Não! É um movimento existencialista neo-pós-moderno, com influência da estética gótica e do som dark. Já ideologicamente, a proposta é mostrar a desesperança, muito mais do que a revolta, o que é uma pena; sentimento que abala toda uma geração. A juventude de hoje assiste passiva ao planeta sendo destruído por imperialistas assoberbados que negociam com vidas, que trocam almas por óleo e poder. A gente fica muito preocupada e muito triste com esta situação... Emocionada, entendeu?!
Ele:- Só! Não conheço o som, mas você tá falando igualzinho o Mano Brown. Aí... Vem cá, Ema não pode andar de moto não?! É tipo assim... Uma religião?
Ela:- Não é Ema! É Emo, de Emotions: emoções em inglês. A gente acha que o mundo deveria ser mais sensível às causas nobres que refletem em todo o planeta, como o aquecimento global, por exemplo. Uma bomba que cai lá no Iraque, ou lá em Bagdá tem efeitos que refletem aqui. O planeta é uma coisa só, a casa de todos nós. A insensibilidade dos responsáveis por estabelecer uma nova ordem mundial diante destas questões fere a nossa sensibilidade. Toda essa dor e tristeza íntima, nosso movimento expressa através da música, das roupas, do nosso jeito de ser, existir e agir. Entendeu agora?
Ele:- Só! Tem certeza que isso aí não é letra de rap? Já me liguei que tu é cabeça.
Ela:- Escuta só o som que tá rolando, presta atenção.
Ele:- É uma parada meio U2, só que mais lenta e com o cara que canta imitando uma mina, né?!
Ela:- Não, nada a ver! Muito mais autêntico, original, você sente no peito, no coração.
Ele:- É o bumbo!
Ela:- O quê?
Ele:- É o bumbão que bate no peito: bum-bum, bum-bum! Quando o pagode ferve lá na vila a gente sente o bichão batendo no peito: bum-bum, bum-bum!
Ela:- Você toca bumbo num grupo de pagode?
Ele:- Eu não, um chegado meu. Mas viu, então… Desculpa a persistência, mas só por que você é Ema não pode andar de moto não?
Ela:- Emo! Eu sou Emo! E uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Ele:- Mas você é mina, quero dizer é Emo mulher?
Ela:- Do quê você tá falando?!
Ele:- Da natureza, ué?! Sempre tem um macho e uma fêmea. Com vocês deve ser assim também, deve ter o Emo e a Ema, quero dizer, o Emo homem e a Emo mulher.
Ela:- Emo não é sexo. É atitude!
Ele:- Mas tem homem e mulher?
Ela:- Lógico que tem.
Ele:- Você é Emo macho ou Emo fêmea?
Ela:- Fêmea... Quero dizer, mulher!
Ele:- E gosta de Emo macho?
Ela:- Isso não existe, é paradoxal, não tem como!
Ele:- Quero dizer, assim… Vamos supor: se for pra namorar, você namora macho ou fêmea?
Ela:- Macho… Quero dizer homem… Pára de falar deste jeito que já tá me deixando confusa.
Ele:- Então, se você é Emo mulher de verdade mesmo... Vamô aí comigo, vamô dá um rolê de moto.
Ela:- Que é, heim?! Tá duvidando, é?! Tá achando que eu sou delicada demais, mulherzinha demais? Que não tenho coragem de andar de moto com você? Que só porque sou sensível, me importo com a fauna, a flora e me entristeço quando reflito sobre o futuro da humanidade… Que por causa disso eu não passo de uma patricinha covarde? É isso que você tá pensando, é?
Ele:- Tô achando que esse papo de Emo, Ema, esse som... É tudo coisa de plaibói.
Ela:- Tá legal, então vamô aí… Mano...
Ele:- Olha aí, a Ema ficou irada.
Ela:- É Emo, idiota!
Ele:- Ai-ai! Não aperta aí… Faz assim não que dói!
Ela:- Então, não me chama mais de Ema e acelera esta porcaria.
Ele:- Demorô!