Blog do Lulu 2.0

Wednesday, September 06, 2006

Santo Sacro.

Tudo levava a crer que, aquele sim, era um homem que tinha Deus na alma, no coração e na ponta da língua.
- Seja o que Deus quiser.
Decretava sempre que lhe perguntavam o que ele achava do futuro.
- Tomara Deus.
Suspirava sempre que alguém lhe perguntava se ele iria comparecer à reunião, evento ou happy hour.
- Deus lhe pague.
Pleiteava por todos que lhe fizessem um favor, segurassem o elevador ou a ele dessem passagem na calçada.
- Vá com Deus.
Recomendava aos colegas que saiam para almoçar, tomar café, ir à festa ou voltar para casa.
- Deus me ajude.
Rogava sempre que assombrado por alguma incerteza.
- Só Deus salva.
Exaltava diante de qualquer desapontamento ou desilusão.
- Deus te ilumine.
Fazia votos ao ouvir os planos e projetos de qualquer amigo, colega ou conhecido.
- Deus me livre.
Isolava qualquer situação ou acontecimento desagradável do qual tomasse conhecimento.
- Pelo amor de Deus.
Clamava quando realmente precisava de alguma coisa.
- Meu Deus do Céu?
Duvidava sempre que surpreendido por algo ou alguém.
- Juro por Deus!
Proferia sempre que alguém ousava duvidar de sua palavra.
- Ai, meu Deus.
Arremedava sempre que alguma coisa parecia que não ia dar certo.
-Deus, dai-me forças.
Suplicava sempre que sentia fome, sede, cansaço ou preguiça.
-Deus Todo Poderoso.
Louvava sempre, qualquer que fosse o motivo ou razão.
Isto durou meses, anos, até que um dia não deu mais para um de seus colegas. Aquilo tinha que parar. Ninguém agüentava mais. Respeitavam o credo, tinham consideração pelo companheiro de trabalho, mas para tudo nessa vida há limites.
- Ôh cara, você acredita mesmo em Deus? Então, deixa o Sujeito em paz, pára de azucrinar o Cara.
- Olha, acreditar eu não acredito, mas queria tanto que ele existisse.
- Ai, meu santo.
- Você também tem o seu?
- Não, tenho nada não. Estou falando da minha paciência, do meu santo saco.
- Que Deus o proteja.