Quem enobrece quem mesmo?
Roberto é médico, mas odeia sangue. Antônio é contador, mas nunca foi grande coisa em matemática. Horácio é professor, mas nunca gostou de estudar. Sempre foi honorável integrante da turma do fundão, forte candidato a concluir o secundário no correcional.
Já Amália, bom, Amália é a mulher da história e desempenhar esse papel já é trabalho que não acaba mais.
Primeiro, ela conheceu Roberto. Formado em medicina, com pinta de galã de seriado de tv, a família comemorou. Parecia ser ele o tão aguardado príncipe encantado.
Encanto que se quebrou durante um churrasco em família, quando o menorzinho levou um tombo e se machucou. O doutor, ao ver o sangue do pequeno jorrar, desmaiou.
Neste mesmo churrasco, Amália conheceu Antônio. Formado em ciências contábeis, empregado de um importante escritório, logo os familiares concluíram que, além de ser bom partido, podia ajudar seu Alaor, pai de Amália, na organização das contas do mercadinho. E ele não só ajudou, mas tornou-se responsável por toda a contabilidade e controle financeiro do armazém. Desta vez, não foi só o encanto, mas seu Alaor também quebrou.
Amália ficou arrasada. Sentindo-se culpada, caiu em profunda depressão. Meteu na cabeça que iria terminar o segundo grau e tentar uma faculdade.
Foi no Supletivo de Primeiro e Segundo Grau Madre Tereza, durante uma aula de história, que Amália conheceu Horácio, o professor substituto.
Dono de um papo doce e convincente, não só dava aulas, mas também aproveitava a condição de mestre para se dar bem com as novatas, e, nesta lista, Amália agora era a primeira.
Ela não demorou a ceder ao charme e aos encantos de Horácio. Logo pediu para ter aulas de reforço. Aquela história de Getúlio Vargas ter se suicidado seguia muito mal explicada.
Assim, começou o romance que durou até o dia em que seu Alaor resolveu colocar o safado para correr. Amália não era a única que vinha tendo aulas particulares. A filha mais nova do melhor amigo de seu Alaor também tinha problemas em acompanhar as matérias que Horácio lecionava como substituto.
Desiludida, Amália abandonou os estudos. Decidiu ajudar a mãe nas tarefas domésticas, dar tempo ao tempo. O homem certo apareceria. Bastava ela se comportar, preparar-se para recebê-lo que, cedo ou tarde, o homem certo viria ao seu encontro.
Numa manhã de sol, os caminhos de Amália e do recém-chegado Osvaldo se cruzaram. Ela ia até a padaria comprar pão e leite para o café, quando, sem mais nem menos, ele olhou, sorriu e disse bom-dia. Ela apressou o passo.
A cena se repetiu no dia seguinte, no outro e no outro também. Em pouco mais de seis meses, os dois estavam casados e esperavam felizes pelo primeiro neto do seu Alaor.
Finalmente, Amália encontrara sua cara-metade, o homem de sua vida: Osvaldo, o vagabundo.
Vive de fazer nada, mas não é malandro não. Nunca prejudicou ninguém. Muito pelo contrário, é só algum conhecido se dar mal que lá vai ele.
Até hoje, arruma tempo para satisfazer a moça, atender os familiares, dar atenção aos amigos e ainda aprontar das suas. Tipo raro, daquele com que se pode contar, que não deixa ninguém na mão.
O pessoal é unânime, nunca se viu tanta felicidade e segurança estampadas no rosto dela.
Amália desfila pela pequena cidade com passos de mulher satisfeita. Enquanto Osvaldo passou a ser adorado, tornou-se uma espécie de lenda. Prova viva e inconteste de que o trabalho pode até enobrecer, mas raras vezes enriquece e, na maioria delas, brocha o homem.
Já Amália, bom, Amália é a mulher da história e desempenhar esse papel já é trabalho que não acaba mais.
Primeiro, ela conheceu Roberto. Formado em medicina, com pinta de galã de seriado de tv, a família comemorou. Parecia ser ele o tão aguardado príncipe encantado.
Encanto que se quebrou durante um churrasco em família, quando o menorzinho levou um tombo e se machucou. O doutor, ao ver o sangue do pequeno jorrar, desmaiou.
Neste mesmo churrasco, Amália conheceu Antônio. Formado em ciências contábeis, empregado de um importante escritório, logo os familiares concluíram que, além de ser bom partido, podia ajudar seu Alaor, pai de Amália, na organização das contas do mercadinho. E ele não só ajudou, mas tornou-se responsável por toda a contabilidade e controle financeiro do armazém. Desta vez, não foi só o encanto, mas seu Alaor também quebrou.
Amália ficou arrasada. Sentindo-se culpada, caiu em profunda depressão. Meteu na cabeça que iria terminar o segundo grau e tentar uma faculdade.
Foi no Supletivo de Primeiro e Segundo Grau Madre Tereza, durante uma aula de história, que Amália conheceu Horácio, o professor substituto.
Dono de um papo doce e convincente, não só dava aulas, mas também aproveitava a condição de mestre para se dar bem com as novatas, e, nesta lista, Amália agora era a primeira.
Ela não demorou a ceder ao charme e aos encantos de Horácio. Logo pediu para ter aulas de reforço. Aquela história de Getúlio Vargas ter se suicidado seguia muito mal explicada.
Assim, começou o romance que durou até o dia em que seu Alaor resolveu colocar o safado para correr. Amália não era a única que vinha tendo aulas particulares. A filha mais nova do melhor amigo de seu Alaor também tinha problemas em acompanhar as matérias que Horácio lecionava como substituto.
Desiludida, Amália abandonou os estudos. Decidiu ajudar a mãe nas tarefas domésticas, dar tempo ao tempo. O homem certo apareceria. Bastava ela se comportar, preparar-se para recebê-lo que, cedo ou tarde, o homem certo viria ao seu encontro.
Numa manhã de sol, os caminhos de Amália e do recém-chegado Osvaldo se cruzaram. Ela ia até a padaria comprar pão e leite para o café, quando, sem mais nem menos, ele olhou, sorriu e disse bom-dia. Ela apressou o passo.
A cena se repetiu no dia seguinte, no outro e no outro também. Em pouco mais de seis meses, os dois estavam casados e esperavam felizes pelo primeiro neto do seu Alaor.
Finalmente, Amália encontrara sua cara-metade, o homem de sua vida: Osvaldo, o vagabundo.
Vive de fazer nada, mas não é malandro não. Nunca prejudicou ninguém. Muito pelo contrário, é só algum conhecido se dar mal que lá vai ele.
Até hoje, arruma tempo para satisfazer a moça, atender os familiares, dar atenção aos amigos e ainda aprontar das suas. Tipo raro, daquele com que se pode contar, que não deixa ninguém na mão.
O pessoal é unânime, nunca se viu tanta felicidade e segurança estampadas no rosto dela.
Amália desfila pela pequena cidade com passos de mulher satisfeita. Enquanto Osvaldo passou a ser adorado, tornou-se uma espécie de lenda. Prova viva e inconteste de que o trabalho pode até enobrecer, mas raras vezes enriquece e, na maioria delas, brocha o homem.