Blog do Lulu 2.0

Wednesday, August 13, 2008

Às voltas com o mundo.

Enquanto assistimos ao eclipse da inspiração e imaginamos o que aconteceria se tudo se apagasse, o mundo dá voltas.
Para abrir parágrafos, fazer e mudar a história, a terra gira. Também rodopiando, cria o dia dos trabalhadores e a noite dos apressados. Inventa o relógio da ansiedade.
Ao mesmo tempo, contorna a lua e provoca a abusiva liberdade do verão, alimenta os amores primaveris, causa o desconforto das depressões outonais e nos faz sentir o frio abandono do inverno.
É em nome das voltas que o mundo dá que a vida se pronuncia. Diz coisas que não compreendemos em cada uma de suas dissonâncias, em cada um de seus poemas de rimas impossíveis.
Onde há mais desejo do que encanto, o mundo é vertiginoso. Pega de surpresa o desavisado, seduz e desencaminha até os mais convictos.
Enquanto corremos e nos apressamos tentando alcançar o tempo, as viradas acontecem. Aquela até então ensolarada vida, de repente, atravessa tormentas e trovoadas.
O tempo também vira. No começo está do nosso lado, mas com o passar dos anos começa a contar pontos contra.
Para compensar, toda vez que uma criança brinca e rodopia imitando o planeta, tudo em torno dela se alegra. Quando alguém suspira ou quando um coração se dilata e bate mais forte, pode ter certeza de que é outro de seus volteios. Acontece o mesmo quando alguém nos deixa chorando sozinhos.
O mundo não dá voltas nem para o bem nem para o mal. São simples provas de que ainda estamos vivos. Falta de movimento é sintoma de ausência de vida.
Também é certo que, o lado para o qual rolam as pedras que se põem no caminho, nem sempre é exatamente aquele para onde gostaríamos. Mas, o simples fato de que somos algo mais do que firmes como rochas é um sinal absoluto de que, apesar de tudo e de alguns, continuamos por aqui e seguimos na roda.