Todo dia é dia.
Anoiteceu chorando e parecia não mais querer parar. Insone, a metrópole tinha saudade de seus poetas, de seus atletas. Daquela gente boa que se exercitava e também daqueles que passeavam de mãos dadas, que namoravam em suas praças e parques.
Sentia falta de tudo aquilo que, de forma silenciosa e em sua beleza discreta, era puro.
De uma hora para outra, a cidade viu pairar sobre si mesma o peso da extinção. O crescimento abandonado lhe foi doloroso e devastador. Em cada uma de suas ruínas, rastros de outras vidas que foram transformadas em cicatrizes.
Noite clara de palavras surdas, esmaltada pelo sangue que pulsa nas esquinas, nas vias públicas, nos lobbies esculpidos em mármore, em veias pelas quais mandamentos e pecados corrrem lado a lado, vida e morte se confundem.
Terrificantes horas que passam trôpegas. A lua cheia é o holofote que anuncia e denuncia o triste espetáculo.
Um estampido detona a névoa de pólvora e estala o silêncio. Emoldurado em vermelho, o homem estendido no chão é o retrato que estampa a primeira página do jornal que Seu Claudecyr - com ípsilon - pede para a menina que distribui o diário no farol.
Bem cedinho, como faz todos os dias, ele senta-se, lê apressadamente enquanto engole o pão com manteiga e o café. Paga com as moedas e os trocados que carrega no bolso esquerdo da calça. Apressa o passo até a estação. Chega em cima da hora para bater o ponto.
Motorista de ônibus há mais tempo do que gosta de lembrar, assim que sai da garagem, Seu Claudecyr - com ípsilon - logo percebe que algo mudou, que a pequena rua, pela qual conduz o carro do estacionamento ao terminal, jamais será a mesma.
Sentia falta de tudo aquilo que, de forma silenciosa e em sua beleza discreta, era puro.
De uma hora para outra, a cidade viu pairar sobre si mesma o peso da extinção. O crescimento abandonado lhe foi doloroso e devastador. Em cada uma de suas ruínas, rastros de outras vidas que foram transformadas em cicatrizes.
Noite clara de palavras surdas, esmaltada pelo sangue que pulsa nas esquinas, nas vias públicas, nos lobbies esculpidos em mármore, em veias pelas quais mandamentos e pecados corrrem lado a lado, vida e morte se confundem.
Terrificantes horas que passam trôpegas. A lua cheia é o holofote que anuncia e denuncia o triste espetáculo.
Um estampido detona a névoa de pólvora e estala o silêncio. Emoldurado em vermelho, o homem estendido no chão é o retrato que estampa a primeira página do jornal que Seu Claudecyr - com ípsilon - pede para a menina que distribui o diário no farol.
Bem cedinho, como faz todos os dias, ele senta-se, lê apressadamente enquanto engole o pão com manteiga e o café. Paga com as moedas e os trocados que carrega no bolso esquerdo da calça. Apressa o passo até a estação. Chega em cima da hora para bater o ponto.
Motorista de ônibus há mais tempo do que gosta de lembrar, assim que sai da garagem, Seu Claudecyr - com ípsilon - logo percebe que algo mudou, que a pequena rua, pela qual conduz o carro do estacionamento ao terminal, jamais será a mesma.